Espaço de discussão e reflexão sobre a experiência do olhar e suas reverberações no corpo na construção/remontagem do espetáculo de dança contemporânea "feche os olhos para olhar" da desCompanhia de dança.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Notas para descondicionamento do olhar

Li o artigo “Sobre olhos, olhares e seu processo de (re)produção” da psicóloga Andréa Vieira Zanella e encontrei analises interessantes sobre o olhar. Eu coloquei o título acima para postar no nosso blog, não faz parte do texto original. Para quem quiser o artigo na integra deixo no final a bibliografia dele.
  • Problematização de formas estereotipadas – é fundamental olhar para o que se repete, para as reificações que caracterizam nosso cotidiano e que nos cegam para as possibilidades de diferenças;
  • Convite à experimentação de outras formas de perceber e de expressar criativamente – o igual nunca é o mesmo, assim como nossos olhares não o são. Desse modo, a mesma realidade da qual participamos diariamente, os mesmo caminhos, os mesmos lugares, objetos e pessoas, sempre podem revelar o nunca visto, os detalhes despercebidos, os ângulos envoltos nas aparências da superfície, as diferenças em razão de cores, sabores, texturas, luminosidades. Nossos modos de expressão igualmente podem acolher novas possibilidades;
  • Desestabilização da segurança da percepção do sujeito – romper com o instituído não é tarefa fácil, pois abala certezas e convicções e nos lança diante de um novo, do imprevisto. Sacks(1995,p.132) explica que “Não se vê, sento ou percebe em isolamento – a percepção está sempre ligada ao comportamento e ao movimento, à busca e à exploração do mundo.” É difícil, portanto, desestabilizar percepções porque com isso nos lançamos por inteiro, como corpo, pensamento e emoção, diante do desconhecido, o que necessariamente vem acompanhado de angústia e incertezas. Essas, porém, são inevitáveis em processos de emergência de algum novo, sendo o sofrimento que as conota caracterizado por Vygotski (1990) como as “torturas da criação”.
  • Desafio à descoberta de novos traços, novas formas, novos sentidos – o cristalizado se objetiva de vários modos, porém em todos eles há a característica da negação da polissemia da vida. A vazão à proliferação de sentidos, bem como a reflexão sobre os caminhos éticos pelos quais enveredam é fundamental à re-significação de saberes e fazeres, à criação de novas formas de existências.
ZANELLA, A. V. . Sobre olhos, olhares e seu processo de (re)produção. In: Lúcia Helena Correa Lenzi; Sílvia Zanatta Da Ros; Ana Maria Alves de Souza; Marise Matos Gonçalves. (Org.). Imagem: intervenção e pesquisa. Florianópolis: Editora da UFSC, 2006, v. , p. 139-150.

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