Espaço de discussão e reflexão sobre a experiência do olhar e suas reverberações no corpo na construção/remontagem do espetáculo de dança contemporânea "feche os olhos para olhar" da desCompanhia de dança.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Círculo de potencialidade - Michel Echenique

Des, compartilho um aprendizado meu lá da Nova Acrópole, afinal podemos ler os itens do diagrama com a seguinte analogia:
  • Olhar ativo (discernimento)
  • Olhar receptivo (atenção)
  • Olhar imagético (futuro)
  • Olhar da memória (passado)
Centro de Potencialidade 2

quinta-feira, 22 de julho de 2010

O olhar através da gelatina

do capítulo - O caos irisado: interior e exterior
A IMAGEM-NUA E AS PEQUENAS PERCEPÇÕES - JOSÉ GIL

dizia Cézanne: as cores remetem sempre para o interior, não só para as primeiras formações do dentro, mas para os movimentos das emoções, para a alegria, para o medo, para a tristeza, para a ternura. A alegria das cores representa uma expansão do espaço interior: é esse movimento de expansão, porque adere também aos mais arcaicos movimentos do espaço indiferenciado das cores da infância.
...Uma inerência do nome à cor que faria ressoar nele as associações mais arcaicas das cores com os afetos, com os movimentos do corpo, com o espaço interior. Daí, talvez, esses "pensamentos coloridos" caros a Malevitch, e as "cores faladas" de Duchamp. Eis por fim a razão de a cor estar acima de tudo ligada à infância. A jubilação da criança que brinca com as cores vem do fato de elas misturarem o interior e o exterior.

domingo, 11 de julho de 2010

Impressões de Christianne Galdino sobre Como risco em papel

Peço licença para Marcela Reichelt e Christianne Galdino para postar essa matéria, mas é isso mesmo, como Christianne mesmo diz a leitura do espetáculo Como risco em papel se acende cada vez mais na nossa sensibilidade e na nossa imaginação.


MARCELA REICHELT E AS ESCRITAS DO CORPO

Christianne Galdino


Como risco em papel / Foto: Tiago Lima

Escuro completo e um aparente vazio. Mas algo está acontecendo no palco. Ela está dançando no escuro mesmo… Ouvimos o movimento, sentimos a dança respirando, antes mesmo de podermos distinguir nitidamente qualquer imagem. Escolhendo essa cena como início, Marcela Reichelt aciona em nós uma outra percepção, como se desejasse inaugurar uma forma diferenciada de nos relacionarmos com a arte, como se quisesse ativar em nós outra visão. A sensação é de estarmos imersos em uma escuridão absoluta, que vai abrindo brechas e revelando fragmentos de um corpo em movimento dançando para si mesmo. Talvez a ambiência criada, e essa postura da intérprete, que parece ignorar a presença do público, emprestem aos momentos iniciais de Como risco em papel características de voyeurismo e um caráter sensual, que se repete em várias cenas. Pelas frestas, enxergamos trechos da escrita corporal de Marcela, e abrem-se imediatamente muitas janelas de leitura. Como um trailer de filme e as orelhas das publicações, a artista apresenta-se em flashes, construindo uma sucessão de imagens marcantes, que transbordam força poética com uma sutileza desconcertante. A trilha sonora, uma criação primorosa de Diogo de Haro, surge com ar de música incidental, ajudando a criar pontes com o filme de Peter Greenaway, O Livro de cabeceira, que inspirou este segundo trabalho da bailarina Marcela Reichelt, agora na missão de intérprete-criadora.

Uma aproximação visível com as artes visuais aparece em todo momento, seja nos desenhos coreográficos majoritariamente imagéticos, seja na presença de certos objetos cênicos e dos vídeos que são exibidos na performance. Porém, as cenas projetadas soam como capítulos à parte, guardam pouca relação com as partituras de movimento apresentadas por Marcela Reichelt, funcionando como complemento, algumas vezes, mas mostrando sempre uma trajetória autônoma. É como se dois espetáculos se intercalassem, e dialogassem em alguns momentos, porém cada um permanecesse no seu lugar. Mas ainda que se perca um pouco do ritmo da cena durante a exibição dos vídeos (principalmente no caso do vídeo que apresenta uma longa performance de rua de um bailarino), a dança escrita por Marcela, as falas do seu corpo se fixam na memória com um poder encantador tamanho que apagam qualquer possível descompasso. É difícil permanecer inerte, alheio diante do encontro com o corpo nu visceral de Marcela transmutado em bicho, em papel, gritando lentamente e em silêncio, a fusão entre corpo e escrita, e as tantas questões aí atravessadas. Mesmo quando a cena final tenta devolver a artista à escuridão absoluta do início, como se tudo e inclusive a identidade e as vivências impressas no corpo pudessem ser apagadas, a imagem daquele banho de noite se agiganta e se acende cada vez mais na nossa sensibilidade e na nossa imaginação. E dali não deve sair por um bom tempo. Delicadeza, mistério, sensualidade, enigma, oriental, ternura, feminino: são alguns termos que poderíamos utilizar se fosse possível traduzir em palavras Como risco em papel

beijos
Cintia Napoli

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Eu ausente eu presente

Cintia,  deixarei postado o vídeo que envistes via e-mail, pois acredito que é ótimo para nosso registro. Colocarei somente uma delas, pois os demais é facil de procurar por ser do mesmo autor.

domingo, 4 de julho de 2010

Sobre importâncias – Manuel de Barros

Um fotógrafo-artista me disse outra vez: veja que pingo de sol no couro de um lagarto é para nós mais importante do que o sol inteiro no corpo do mar. Falou mais: que a importância de uma coisa não se mede com fita métrica nem com balanças nem com barômetros etc. Que a importância de uma coisa há que ser medida pelo encantamento que a coisa produza em nós. Assim um passarinho nas mãos de uma criança é mais importante para ela do que a Cordilheira dos Andes. Que um osso é mais importante para o cachorro do que uma pedra de diamante. E um dente de macaco da era terciária é mais importante para os arqueólogos do que a Torre Eifel. (Veja que só um dente de macaco!) Que uma boneca de trapos que abre e fecha os olhinhos azuis nas mãos de uma criança é mais importante para ela do que o Empire State Building. Que o cu de uma formiga é mais importante para o poeta do que uma Usina Nuclear. Sem precisar medir o ânus da formiga.  Que o canto das águas e das rãs nas pedras é mais importante para os músicos do que os ruídos dos motores da Fórmula 1. Há um desagero em mim de aceitar essas medidas. Porém não sei se isso é um defeito do olho ou da razão. Se é defeito da alma ou do corpo. Se fizerem algum exame mental em mim por tais julgamentos, vão encontrar que eu gosto mais de conversar sobre restos de comida com as moscas do que com homens doutos.
Manoel de Barros – Memórias Inventadas: a segunda infância.

Mecanicidade e a rotina podem nos cegar

“Ao fim de algum tempo descobriu que cada membro da familia repetia todos os dias, sem notar, os mesmos percursos, os mesmos atos, e que quase repetia as mesmas palavras às mesmas horas. Só quando saiam dessa meticulosa rotina é que corriam o risco de perder alguma coisa.” (Gabriel Garcia Marques - Cem anos de solidão)

Resignificar a arquitetura, os objetos e a própria dança

Às vezes uma chaleira pode ser um vaso de flores. A gravata nem sempre é estética, muitas vezes nos enforca. Também questiono-me como nossos movimentos corporais podem ser resignificados para o público e para quem está dançando.

sábado, 3 de julho de 2010

esse OLHAR que me intriga...

olá des!!!
às vezes nos prendemos aos nossos olhares então fuçando o meu olhar na Net olha o que encontrei...

"Ver muito lucidamente prejudica o sentir demasiado. E os gregos viam muito lucidamente, por isso pouco sentiam. De aí a sua perfeita execução da obra de arte." Fernando Pessoa

nossa e agora o que pensar?

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Indiferença

Ver-se ignorado pelo olhar do outro é doloroso, a indiferença às vezes é pior do que um grito de PQP.

Mascaras

Ontem vi um vídeo meio silencioso e irônico onde existiam várias pessoas no quotidiano usando mascaras de festa de criança (palhaço, princesa, personagens famosos, etc.). Em certo momento uma moça dava risadas dizendo: Você pode tudo com a máscara, meu bem.
Depois do vídeo, lembrei da palavra personalidade que é oriundo da palavra personas que eram as mascaras que os gregos usavam nos teatros.
- Qual mascara usei na primeira vez que ti vi?
- Qual mascara uso quando estou de roupa social?
- Quando sorrio, estou sorrindo por dentro?
P.S.  Encontrei o vídeo novamente, segue ele.  Agora que vi, tinha somente dois tipos de máscaras. Rsss. Yiuki