Espaço de discussão e reflexão sobre a experiência do olhar e suas reverberações no corpo na construção/remontagem do espetáculo de dança contemporânea "feche os olhos para olhar" da desCompanhia de dança.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Sobre o olhar estético…

“Educação estética significa a “formação nos alunos de atitudes estéticas diante a realidade” (ESTÉVES, 2003, p.39), atitudes essas que se fundamentam em relação estéticas nas quais “[…] o humano como ‘centro de gravidade’ se desloca da realidade vivida’ para outra, a estética, mais plena e profundamente humana.” (VÁZQUEZ, 1999, p.152.
Pessoas concretas, marcadas pelas condições sociais e históricas que as forjaram podem estabelecer relações de variadas formas com a realidade, com os outros e consigo mesmos, relações essas que podem ser prático-utilitárias ou estéticas. Enquanto as primeiras caracterizam o plano cotidianidade, estas últimas destacam-se na medida em que possibilitam ao sujeito descolar-se da realidade vivida e imergir em outra, mediada por novos sentidos que contribuem para o redimensionamento e re-significação do próprio viver/existir.
Temos nos debruçado sobre essa questão, sobre os olhos que não apenas vêem, sobre olhares estéticos que fundamentalmente passeiam, fluem, que estabelecem relações. Não qualquer relação, mas sim relação estéticas que, como um dos modos de relação do homem com a realidade, consistem em uma experiência pautada  por uma sensibilidade que descola a ambos, sujeito e objeto, do imediato, da existência física e concreta. Ainda que subsistas, essa existência aparece como mera condição para a afirmação do ser humano em sua plenitude.
O olhar estético trata-se de
um olhar mais livre na sua apreensão significativa do mundo, pois busca outros ângulos de leitura, não para ver o objeto em sua pré-suposta verdade, mas procurando, na relação estética com ele estabelecida, produzir novos sentidos para a configuração de realidades outras. (REIS; ZANELLA; FRANÇA; DA ROS, 2004, P.10).
Olhares estéticos, portanto, dependem não somente da visão, mas fundamentalmente da relações que pessoas concretas estabelecem, por seu intermédio, com a realidade. Relações que são estéticas na medida que consistem em experiências pautadas por uma sensibilidade que descola a ambos, sujeito e realidade ad-mirada, do imediato, da existência física e objetiva. Ainda que subsista, essa existência aparece como mera condição para a afirmação do ser humano em sua plenitude.”
Trecho acima foi retirado do artigo da psicóloga Andréa Vieira Zanella:  Sobre olhos, olhares e seu processo de (re)produção. In: Lúcia Helena Correa Lenzi; Sílvia Zanatta Da Ros; Ana Maria Alves de Souza; Marise Matos Gonçalves. (Org.). Imagem: intervenção e pesquisa. Florianópolis: Editora da UFSC, 2006, v. , p. 139-150.

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