“Mário de Andrade, meu querido amigo,
[...] Além disso, Mário, o que nós escrevemos passa a ser outra coisa, a cada pessoa que nos lê... E eles gostam não é do que nós dissemos, mas do que eles supõem encontrar, mesmo quando não exista... Você ainda não se ouviu interpretado pelos seus leitores, e, mais do que isso, adorado na interpretação que lhe ofereciam? E não se sentiu compungido? As criaturas sentem as ‘nossas’ experiências através das ‘suas’ experiências. [...] Quando nós sentimos a experiência alheia através da nossa – como somos hiperlatísicos, doentes, loucos, ‘luas’, poetas – transformamos aquilo em música, poesia, delírio, uma coisa maior que nós, arrebatadora e durável. [...]
Cecília Meireles
Nenhum comentário:
Postar um comentário